mercredi 18 mai 2011

O que importa é....

Quantas mulheres, que sonharam com um lindo parto normal, mas que por indicações médicas (criteriosas ou não), choram seus ventres cortados e ainda escutam esta frase repetida como um mantra "mas o que importa é que o bebê nasceu bem".....
Como se a frustração de não poder ter vivido o momento do parto fosse antagônica ao desejo de que o bebê nascesse bem!
Tenho pra mim, que essa frase nasceu junto com a epidemia de cesarea desnecessaria. E que o pior de tudo, é que ela da' caução a idéia por demais errônea, de que bebês que nascem de cesarea nascem melhor do que os bebês que nascem de parto normal.
Muitas vezes, as mulheres começam a ouvir esta frase dos parentes, amigos e médicos, durante o pré-natal. Obviamente, arrisco a aposta de que quem escuta mais são as mulheres que se mostram ativas na busca por um parto realizador da sua sexualidade. Esta frase brota numa tentativa selada e implicita de silenciar o desejo de prazer de parir, é uma espécie de advertência "se você deseja gozar do prazer do parto, cuidado. Não deseje profundamente, deseje um pouquinho so'.... porque se você deseja profundo, coisas ruins podem acontecer, parece que não pensa no bebê"...
Eu fico revoltada com esses "agouros". Sei que a maioria das pessoas falam isso de forma bem-intencionada e que nunca imaginam estar "agourando" ou ainda menosprezando o sofrimento de quem não pariu. Mas se você puder apenas ouvir, sem reproduzir esta frase, vai ajudar muito mais.
Se este raciocinio se aplicasse realmente, eu deveria ter sido condenada por ter desejado um parto normal e ter desfrutrado dele, não poderia dizer que gostei de ter parido, afinal Samuel era prematuro. Ou so' poderia ter gostado do parto se Samuel não fosse prematuro?

As mulheres que desejam parir, desejam viver o parto normal porque sabem que a via de nascimento importa para o que o bebê nasça bem.
Por isso, não existe antagonismo entre desejar um parto normal e sofrer porque ele não aconteceu.
Quando a cesarea é bem indicada, o corte ganha o sentido da vida que se faz cuidada. A dor cicatriza depois de respeitado o tempo de se refazer num novo corpo. Sem falar que boa parte das cesareas bem indicadas, são realizadas apos um periodo de trabalho de parto, onde o corpo da mulher e do bebê vivenciam juntos a lenta transformação de um unico corpo em duas pessoas... viver o banho de hormônios, a quimica do parto, ajuda a organização corporal do bebê que não foi apertado pelas entranhas maternas. Ajuda ao corpo feminino, entender que os corpos foram separados.
Respeito! Ao nosso direito ao sonho, e também, ao choro, ao nosso direito ao silêncio e acima de tudo, o nosso direito à palavra...

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